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quarta-feira, 21 de março de 2012

Carta de um filho com sindrome de down para seu pai

Pai
Eu sei que você está em estado de choque. Mal eu acabei de nascer e vieram
te contar que eu tenho um nome diferente daquele que você me deu. Eu ouvi o
médico falando que eu sou Down. Não sei bem o que é isso, mas percebi que
não é bom. Você e a mamãe choraram muito e ainda estão com cara de velório.
Eu estive me olhando e não encontrei nada que parecesse estranho. Não tenho
antenas nem parafusos. Mas todo mundo que entra no quarto me olha com cara
de espanto e, para vocês com cara de pena.
Tenho certeza que esse momento vai passar e vocês vão me tratar como
qualquer outro filho, mas eu fiquei preocupado com algumas coisas que eu
ouvi, por isso achei melhor te escrever antes que seja tarde.
Disseram que eu não vou conseguir fazer um monte de coisas. Como é que tem a
coragem de falar isso? Eu não tenho nem um dia de vida e já estão me
condenando? Pai, não acredite em ninguém. Mas acredite em mim. Tenho certeza
que, se você e a mamãe confiarem que eu vou fazer de tudo, vocês vão me
ajudar em cada conquista.
Pai. Se eu demorar um pouco mais para fazer as coisas que as outras crianças
fazem, não fique ansioso, isso só piora a situação. Brinque bastante comigo,
deixe eu tentar fazer de tudo. Me dê a mão quando eu precisar, mas não me
impeça de aprender e conseguir.
Também ouvi um doutor geneti-qualquer- coisa te dizer que você deve procurar
umas entidades excepcionais, que eu vou precisar ir para uma escola
especial. Pelo que eu entendi, são lugares onde pessoas que nasceram com
alguma coisa diferente vão. Até parece bonito, mas isso quer dizer que não
vão deixar eu brincar com crianças de todos os tipos? Que eu não vou poder
Aprender nada além de convivência social?
Gostei daquele casal que veio aqui com a menininha que também tem a tal da
síndrome que eu tenho. Aquele que falou que ela vai numa escola escola. Você
reparou que ela veio ler o meu nome na pulseira da maternidade? É verdade,
ela não sabia o que queria dizer RN. Mas os pais dela explicaram direitinho.
Eu sei que, se você acreditar em mim, e me mandar para uma escola comum,
você e a mamãe vão ter mais trabalho. Em compensação, eu vou ter a chance de
ser um adulto de verdade no futuro e não um peso que vocês tenham de
carregar para o resto da vida. Não é melhor dar trabalho agora no começo?
Dizem também que você terão de enfrentar pessoas mal educadas e
preconceituosas. Mas você não me defenderiam de qualquer forma se eu não
tivesse o que tenho?
Além do que, você sabe que filhos, normalmente, vivem além dos pais. Se
vocês não pensarem nisso agora, o que acontecerá comigo quando vocês
partirem?
Pai. Eu acredito e confio em você e na mamãe. Tudo que eu preciso é que
vocês tenham essa mesma confiança em mim.
Beijos do seu mais novo filho.



Um comentário:

  1. Caio, que mensagem linda! É verdade o amor pode superar todas as limitações! Um grande abraço e fique com Jesus! Feliz fim de semana!

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