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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Querida Lembrança: Portador de Alzheimer

Há muito que te queria enviar esta carta, mas o esquecimento apodera-se de mim nos momentos em que o poderia fazer. Deve ter-se esquecido de me esquecer hoje.
Já devia ter chegado... Enfim, continuemos.
Agora que posso escrever, sem me esquecer, queria pedir-te que, das tuas, "gavetas memoriais", retirasses a "pasta" da minha infância e juventude.
Sei que já passaram muitos, muitos anos desde essa minha idade de criança, tantos que já nem eu próprio sei se alguma vez fui miúdo, mas agora que este maldito esquecimento já consumiu grande parte da minha memória, pedia-te que me enviasses essas "pastas" ou, se não puderes, os tópicos dos momentos mais importantes.
Agora que os carros voam e que as pessoas passam as férias em Marte, é-me necessário recordar os momentos em que o Homem ia só à Lua e em que Marte era uma ilusão, aqueles tempos em que os carros só andavam na estrada e só voavam nos filmes americanos, esses anos em que a própria Natureza controlava a temperatura do planeta, sem ser necessário esta cápsula sufocante que cobre o planeta...
- Toc, toc, toc...
Bem, está alguém a bater à porta. Deve ser o Esquecimento. Vem tirar Novamente as ilusões. Antes que arrombe a porta e me assalte a alma, só te peço que faças o possível para me resolveres este tormento. Não precisa de ser já, tenho tempo.
Vou abrir-lhe a porta, antes que me esqueça.
Os melhores cumprimentos do teu esquecido

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O que a gente espera dessa vida são histórias.

História pra viver, pra sentir, se arrepender, repetir e contar.
Talvez a gente guarde numa caixa, classifique como passado, esconda de todo mundo e de si mesmo e não mexa mais.
Talvez a gente compartilhe com quem quiser ouvir e ria de tudo o que passou.
Talvez a gente esqueça. Talvez a gente reescreva. Talvez um monte de coisas, não sei.
Só sei que quando eu lembro de cada uma delas - às vezes escondendo o rosto vermelho de vergonha, às vezes feliz pelo que aconteceu, às vezes com vontade de gritar "meeeeeu deus, como eu era (mais) idiota" - eu sorrio.
Errando, acertando, mudando ou não mudando porcaria nenhuma, eu sorrio. E eu quero mais, muito mais. E que sejam surreais, inusitadas, sinceras e diferentes de tudo o que eu conheço. Porque o que eu quero, realmente não é pouco.
Hoje me deu vontade de agradecer à vida.
Hoje percebi que devo agradecer todos os dias pelo sorriso sincero, o abraço apertado, o beijo de boa noite, o sermão escutado.
É que hoje me deu vontade, involuntária natural, de amar.
Uma certa pressa de ser feliz e não perder um minuto se quer.
Hoje eu amo, ontem eu amei.
E o mais incrível é que vou amar amanhã.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dia 2 de fevereiro aniversário de Yemanjá

Dia dois de fevereiro é dia de festa no mar, como diz a canção de Dorival Caymmi, feita em homenagem a Iemanjá. Mito que atravessou o Atlântico, vindo da África, ele se instalou na cultura brasileira e se transformou em sinônimo de tolerância, esperança e carinho. Festejada no país do sincretismo por gente de todas as religiões, classes sociais e níveis culturais, Iemanjá é a rainha das águas salgadas e espécie de padroeira afetiva do litoral brasileiro.
Conta a história que Iemanjá seria filha de Olokum – na região do Daomé, atual Benin, considerado deus e, em Ifé, deusa do mar. Em uma lenda de Ifé, ela aparece casada pela primeira vez com Orunmilá, senhor das adivinhações, depois com Olofin, rei de Ifé, com quem teve dez filhos. Cansada de sua permanência no lugar, Iemanjá foge em direção ao oeste, o Entardecer da Terra. Olofin, então, lançou o exército a sua procura e a orixá, temendo o perigo, quebrou uma garrafa contendo um preparado que Olokum havia lhe dado, com a recomendação de que a atirasse ao chão ao pressentir algum risco. Formou-se, então, um rio que a tragou e a levou para o oceano, morada de seu pai.
Outra lenda conta que a origem de Iemanjá se deu depois que ela, de tanto chorar com o rompimento com seu filho Oxossi, que a abandonou e foi viver na mata com o irmão renegado Oçanhe, se derreteu e transformou-se em rio, que foi desembocar no mar. Em Ifé, Iemanjá é mãe de quase todos os orixás de origem iorubá, com exceção de Logunedé, e é a rainha das águas salgadas: as provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida dos filhos que se afastam de seu abrigo e as do mar, sua morada, onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos, como espelhinhos, alfazema, flores brancas e champanhe, sua bebida preferida.