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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ORAÇÃO SEM NOME

Escuta Deus: jamais falei contigo. Hoje quero saudar-te.
Bom dia! Como vais?
Sabes? Disseram que tu não existes, e eu, tolo, acreditei que era verdade.
Nunca havia reparado a tua obra.
Ontem à noite, da trincheira rasgada por granadas, vi teu céu estrelado e compreendi então, que me enganaram. Não sei se apertarás minha mão. Vou te explicar e hás de compreender.
É engraçado: neste inferno hediondo, achei a luz para enxergar teu rosto. Dito isto, já não tenho muita coisa a te contar: só que... que... tenho muito prazer em conhecer-te.
Faremos um ataque à meia noite. Não sinto medo. Deus, sei que tu velas...
Ah! É o clarim! Bom Deus, devo ir-me embora.
Gostei de ti, vou ter saudades. Quero dizer: será sangrenta a luta, bem o sabes, e esta noite pode ser que vá bater-te à porta!
Muito amigos não fomos, é verdade. Mas... sim, estou chorando!
Vês, Deus, penso que já não sou tão mau.
Bem, Deus, tenho que ir.
Sorte é coisa bem rara: juro, porém, já não receio a morte.

O autor deste poema? Quem o sabe? Foi encontrado em pleno campo de batalha no bolso de um soldado americano desconhecido. Do rapaz, estraçalhado por uma granada, restaria apenas intacta esta folha de papel.

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