Aos seis anos de idade, o grande impacto na vida das crianças é a sua inserção no ensino fundamental, mesmo para aquelas que já freqüentavam a educação infantil. Isto deve acontecer da maneira mais tranqüila possível. A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental precisa acontecer de forma natural, com uma proposta pedagógica estimulante e lúdica que ofereça às crianças oportunidades para desenvolver seu corpo, mente e alma, de forma indivisível e integrada.
O brincar e a construção da identidade
Nesta perspectiva, as brincadeiras espontâneas, o uso de materiais criativos, os jogos, as danças e os cantos, as múltiplas formas de comunicação, de expressão, de criação e de movimento, precisam estar contemplados. As estratégias pedagógicas devem evitar a monotonia, o exagero de atividades “acadêmicas” ou de disciplinamento exagerado dando-se prioridade para as atividades que estimulem a autonomia e a iniciativa.
Logo que ficam mais velhas o crescimento é rápido. Físicamente, seus movimentos têm mais controle e as crianças passam a ter a necessidade de mais estimulação ativa, seu nível de energia parece não ter fim! Há um rápido desenvolvimento social também. Elas querem brincar com os outros e isto pode incluir brincar com elas ou criar oportunidades para que brinquem com outras crianças.
Brincar e o desenvolvimento emocional
Emocionalmente as crianças enfrentam maiores desafios na faixa etária que vai dos 6 aos 7 anos. Crescem rapidamente e começam a testar o mundo à sua volta, incluindo as regras. Ao brincar com outras crianças aprendem a enfrentar conflitos e a lidar com o sucesso ou o fracasso, com a raiva ou a alegria. Brincando dentro e fora de casa, além da escola, começam a definir também as brincadeiras de acordo com o seu sexo. Meninas preferencialmente brincam de casinha ou de escola. Gostam de cantar e dançar além de brincar com bonecas; os meninos as acompanham às vezes nessas brincadeiras e gostam bastante de jogos com movimento e desafios.
Aos 7 e 8 anos as crianças preferem brincar com os amigos. Podem misturar ingredientes de cozinha assim como tintas para obter cores e cheiros novos. Gostam de desenhar, montar, construir e brincar com jogos que tenham propostas simples, como os dominós, jogos de memória, lotos etc. Estes podem ser confeccionados com materiais recicláveis e na companhia de adultos ou crianças mais velhas, o que pode ser um momento interessante para transmitir, na prática, os conceitos de educação ambiental.
Se forem estimuladas quando pequenas, demonstram interesse por livros de contos principalmente os que falam de valores e que são importantes para o seu desenvolvimento intelectual e emocional. Através deles podem aprender a identificar e a reconhecer, nos outros e em si mesma, pensamentos e sentimentos que ajudam ou atrapalham a sua relação consigo mesma e com os outros.
É importante incentivar as crianças de diferentes faixas etárias a brincarem juntas. As crianças copiam o comportamento das outras e os irmãos mais velhos dão subsídios a este processo. Também brincam em família. Brincar juntas significa que as crianças aprendem a reconhecer e dar apoio às necessidades dos outros. Ao construir ou comprar brinquedos é preciso que os adultos reflitam se a criança irá brincar com outra criança usando aquele material.
O adulto, a criança e o brincar
A atitude dos adultos no ambiente em que a criança vive faz também uma enorme diferença; a qualidade da vida imaginativa das crianças se beneficia de um apoio ao seu faz-de-conta, onde os pais e/ou educadores estejam também em contato com a sua própria vida de fantasia e consigam apontar o mundo para as crianças, de modo sugestivo e inspirador.
A televisão vem ocupando cada vez mais o tempo das crianças. Além disso, para um número crescente delas, os vídeos, o computador e os jogos eletrônicos estão substituindo o tempo que utilizavam com as brincadeiras tradicionais. Como não podemos excluí-los totalmente das suas vidas sugerimos a participação do adulto com a adoção de medidas que podem contribuir para equilibrar a situação.
Pontos Conclusivos
Pais e educadores precisam considerar que brincar é a melhor maneira das crianças preencherem o seu tempo, pelos benefícios que ele oferece do ponto de vista intelectual, social e emocional. Ao lado da satisfação das necessidades básicas de: nutrição, saúde, habitação e educação, é uma atividade fundamental para o desenvolvimento das capacidades potenciais de todas as crianças. Se não tivermos no presente uma atitude de respeito à elas para que façam as suas descobertas no seu próprio tempo, dificilmente teremos o futuro que almejamos.
Marilena Flores Martins (Co-fundadora e Presidente da IPA Brasil 2008/2011)
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