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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O MENINO REBELDE

Ao entardecer do dia 22/10/68, nasceu Marco, um menino aparentemente normal, filho de Odete e Paulo. Os pais de Marco moravam na Rua João Pessoa nº 32, na cidade de São Paulo. Marco, desde pequeno, sempre foi uma criança alegre, simpática e muito bonita.
Aos quatro anos de idade Marco já conhecia todo mundo de sua rua e todos o adoravam. Ele adorava seu pai e este era o seu ídolo.
Depois que Marco completou cinco anos de idade, seu pai faleceu. O menino ficou muito triste com a morte do pai. Passado algum tempo, sua mãe e os amigos da rua começaram a notar que ele estava diferente. Odete, preocupada com as atitudes do filho, resolveu colocá-lo na escola. Procurou vaga em vários colégios particulares, mas só conseguiu em um colégio público chamado Arnaldo Cesar que ficava três quarteirões da rua onde eles moravam.
Ao chegar em casa, Odete foi dar a notícia para o filho.
– Meu filho, a mamãe resolveu colocá-lo na escola.
– Mas, mãe!... Por quê?
– Bem, meu filho, a mamãe quer que você seja um bom homem e daqui a um tempo um excelente profissional.
– Tudo bem – respondeu o menino.
Odete ainda não sabia qual seria a reação do menino na escola e nem como ele se comportaria.
Os meses foram se passando, o ano novo chegou e as aulas de Marco começaram. Odete estava contente, pois para ela tudo iria melhorar com a ida do filho para a escola.
O primeiro dia para Marco foi maravilhoso, pois sua escola no seu ponto de vista era linda, grande e na sala onde iria estudar havia muitos amiguinhos novos.
Os dias seguintes foram bons, até que certo dia Marco resolveu aprontar. Primeiro ele trocou todo o material dos amigos durante o recreio e depois jogou chiclete no cabelo de uma amiguinha. Quando o diretor ficou sabendo, mandou chamar Marco para conversar em sua sala.
– Marco, por que você fez estas coisas?
– Porque eu quis.
– Então eu quero que avise sua mãe para vir aqui amanhã, para conversarmos nós três juntos.
– Sim, senhor diretor.
Ao chegar em casa depois da aula, Marco passou o aviso do diretor a sua mãe.
No dia seguinte, então, Odete foi ao colégio, sendo recebida pelo diretor.
– Entre, por favor. Sente-se.
– Obrigada.
– Bem, minha senhora, eu pedi que viesse aqui para ver se, juntos, conseguimos dar um jeito em Marco.
– Mas dar um jeito como? Por quê?
– O Marco andou aprontando.
– Mas o que ele fez?
– Seu filho trocou o material dos colegas e colocou chiclete na cabeça de uma amiguinha de classe.
Naquele momento Odete começou a chorar.
– Não chore, minha senhora. Vamos conversar.
– Me desculpe. Vamos conversar.
– Aconteceu alguma coisa com Marco há pouco tempo?
– Sim, aconteceu. Seu pai faleceu alguns dias depois de seu aniversário e Marco ficou muito abalado.
– Então é isto. Vamos então tentar ajudá-lo da melhor maneira possível.
Odete saiu da sala do diretor mais aliviada e convicta de que, com a ajuda do diretor, Marco iria melhorar seu comportamento na escola. O diretor pediu para que todos os professores e coordenadores ficassem de olho no menino para ajudá-lo. Tudo estava indo muito bem. Marco estava melhorando e conseguiu a confiança de todos na escola.
Um certo dia, Marco queria comprar um picolé, mas só se vendia picolé na calçada da escola. Então o garoto foi até o diretor pedir autorização para ir comprar um picolé.
O diretor, como voto de confiança pela melhora do menino, autorizou a sua saída. Marco saiu, mas não retornou à escola.
Preocupado com o desaparecimento do menino, o diretor resolveu ir até a casa de Odete para ver se ele estava lá. Ao ver o diretor, a mãe do garoto ficou muito preocupada.
– O que houve? – perguntou ela.
Como quem não queria nada, o diretor perguntou:
– Marco está?
– Não, senhor. Ele saiu para o colégio e não voltou ainda. Aconteceu alguma coisa?
– Bem, ele me pediu para comprar um picolé e eu lhe dei permissão, mas ele não voltou mais.
– Meu Deus! – apavorou-se Odete. ¬– O que será que aconteceu com meu filho?
Enquanto os dois conversavam, Marco mais se distanciava do Colégio. O menino pegou carona com um desconhecido que estava indo para uma cidade do interior de São Paulo.
Depois de muito papo, Odete e o diretor resolveram ir à polícia dar parte do desaparecimento do menino.
Na delegacia, o diretor mandou chamar o Delegado que era seu amigo e logo foram atendidos.
– Entre meu amigo. O que lhe traz aqui?
– Em primeiro lugar, a saudade, e além da saudade, o desaparecimento de um dos meus alunos.
– Sumiu? Mas como?
– Ele me pediu para comprar um picolé na calçada e não voltou. Como estava preocupado, fui até a casa do garoto e ele não estava lá.
– Você saberia descrevê-lo para mim?
– Bem, a mãe do menino está lá fora e ela saberá descrevê-lo melhor.
– Mande chamar a mãe do garoto para mim – ordenou o Delegado.
O escrivão foi até a sala de espera e chamou Odete para que esta se dirigisse à sala do Delegado.
– Aqui está a mãe do garoto, Delegado.
– Muito obrigado – e se dirigiu à mulher, dizendo: – Bem, minha senhora, o diretor já me pôs a par da situação, e agora eu preciso que a senhora me descreva o menino, para que eu possa botar a polícia atrás dele.
– Bom, Doutor Delegado, ele é um garoto de mais ou menos 1,50m, cabelos claros; estava usando calça de tergal azul e uma camisa amarela. Seu nome é Marco e tem sete anos.
Naquele momento, na sala do Delegado, o rádio estava chamando: “Atenção patrulhas, atenção patrulhas, o assaltante do Banco Central está sendo perseguido na estrada que liga Campinas a Campo Belo. Ele está acompanhado de um menino não identificado que está lutando muito para sair do carro”.
Na mesma hora o Delegado pegou o rádio e disse:
– Atenção, patrulha. Aqui quem fala é o Delegado. Como é o garoto que está no carro?
– O menino está usando uma camiseta amarela e tem cabelos claros. Não dá para ver mais nada.
Os olhos do diretor se arregalaram e a mãe de Marco começou a chorar. O Delegado pegou novamente o rádio e disse:
– Atenção, atenção todos os carros! Não atirem, apenas fiquem na cola deles.
Porém, logo depois que o Delegado pediu para que os policiais não atirassem, o assaltante começou a atirar na direção dos policiais. Dona Odete foi levada para casa por um policial que ficou com ela. O diretor e o Delegado pegaram o helicóptero da polícia e foram para o local.
A polícia estava evitando a atirar, mas um dos tiros acertou um policial e este morreu no local. Revoltados, os policiais começaram a revidar os tiros. Um dos tiros acertou o ladrão e este perdeu o controle do carro que se chocou com um caminhão que estava passando pelo local. Os policiais correram para tentar tirar o menino do carro, mas a tentativa foi inútil, pois o menino morrera no local do acidente.
Quando o diretor e o Delegado chegaram ao local, viram de longe o menino deitado no chão, coberto por um lençol.
– O que aconteceu aqui? – perguntou o Delegado.
– Bem, Delegado, o bandido começou a atirar em nossos carros e matou um policial. Então começamos a atirar nele também. O menino morreu no acidente, logo depois que o ladrão foi atingido.
O diretor foi até o corpo para ver se realmente era Marco. Logo verificou que não era o menino e foi um alívio para todos. Naquele momento o rádio chamou: “Delegado, Delegado, o menino foi encontrado e está aqui na delegacia”.
O Delegado e o Diretor pegaram o Helicóptero e voltaram para delegacia.
– Onde você se meteu, menino? – perguntou o Diretor.
– Eu estava andando por aí.
– Olha, garoto, o que você fez não foi legal. Por causa de seu sumiço, perdemos um policial que perseguia um ladrão que pensávamos ter seqüestrado você – disse o Delegado. ¬– E além do mais, sua mãe está preocupada com você.
– Me desculpe, eu não esperava que tudo isso fosse acontecer por minha causa.
Mais calmo, o Diretor disse a Marco:
– Vamos para casa encontrar sua mãe, e precisamos conversar no caminho.
E olhando sorridente para o Delegado, disse:
– Muito obrigado, meu amigo por ter perdido seu tempo comigo. Temos que nos encontrar para tomarmos umas cervejinhas.
– Não se preocupe, amigo, a vida tem destas coisas. Qualquer dia destes nos saímos para bater um bom papo.
O Diretor pegou Marco e foi para a casa de Odete. No meio do caminho, o ele começou a falar:
– Eu não vou te punir, mas você terá uma tarefa a cumprir agora no colégio.
– O quê? – perguntou o menino.
– Você irá tomar conta do recreio para não deixar ninguém fugir.
– Tudo bem, eu aceito.
Chegando em casa, dona Odete abraçou o menino e começou a chorar. O Diretor contou-lhe que Marco iria trabalhar e a ela ficou muito agradecida.
Desde então, Marco melhorou e hoje é um garoto inteligente, educado e adorado por todos os seus amiguinhos.

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