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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

JAQUELINE, A CIGANA LOIRA

Um dia, lá estava eu andando pela rua, vindo de um encontro fracassado, quando de repente tive uma visão.
– Quem é você, ô linda garota? De onde veio e para onde vai?
Nada aconteceu, pois a garota apenas olhava para mim com aqueles olhos verdes claros, cabelo loiro compridos, cuja franja cobria a testa, pele clara e sedosa com uma boca delicada, a qual fazia um belíssimo conjunto com o nariz fino e especial.
Fiquei boquiaberto e, quando dei por mim novamente, lá estava eu sozinho de novo.
Passados alguns dias, outra vez avistei aquela linda imagem de uma doce mulher misteriosa, porém desta vez eu a vi por inteiro.
Com um olhar todo misterioso, lá estava ela vestida com um conjunto preto, que de tão justo realçava sua pele branca. E de novo desapareceu como um raio de luz.
Voltei para casa certo de que iria vê-la novamente, pois era tudo o que eu queria.
Andando nas ruas da vida, ficava à procura daquela mulher, e em todas as esquinas eu a via, mas nunca pude tocá-la ou pelo menos saber o seu nome.
No trabalho, todos me perguntavam o porquê de eu estar tão desligado e triste. Não tinha resposta, pois não sei se a loira existia ou era apenas uma ilusão.
Não agüentava mais aquela situação. Um certo dia, resolvi tirar férias.
Fui ao meu chefe e lhe disse:
– Chefe, não agüento mais. Estou ficando estafado, pois há dois anos seguidos venho trabalhando neste computador, sem tirar férias.
– Tudo bem – respondeu-me ele. – Tire um mês de férias. Você merece.
Logo depois de sair da sala do chefe, fui ao setor Recursos Humanos e arrumei meus papéis para tirar as férias.
Em casa, resolvi fazer uma viagem para o Sul do Brasil.
No outro dia cedo, arrumei minhas coisas, peguei meu carro e parti.
Passando por Blumenau, senti a presença da loira ao meu lado. Então resolvi ficar uma noite naquela cidade.
Andando pelas ruas de Blumenau, novamente eu vi a loira. Fiquei parado, olhando para ela e ela para mim. Foram minutos de plena troca de energia positiva.
Quando ela se virou, deixou cair um brinco de ouro, e quando me abaixei para pegar o brinco, ela desapareceu como num toque de mágica.
Fiquei louco, e com o brinco na mão, vaguei por muito tempo à procura dela nas ruas.
Algo me dizia que aquele brinco tinha algum significado. Então resolvi descobrir.
Como já estava ficando tarde, voltei para o hotel e reservei o quarto por mais dias.
Assim que amanheceu, tratei de procurar um antiquário, para descobrir a procedência e o significado daquela jóia, pois ela tinha algo de incomum.
O antiquário ficou bestificado ao ver o brinco e logo foi falando:
– Moço, este brinco faz parte da coleção das jóias dos Ciganos Loiros que moraram aqui séculos atrás.
– Como é? Ciganos Loiros? Que história é esta? - perguntei.
– Bem, muito tempo atrás, um bando de ciganos veio para esta região e junto deles vieram belas moças loiras que pareciam deusas, que com seus olhos verdes e a sensualidade de seus lábios junto com a ternura de seus corpos, deixavam qualquer homem apaixonado. Mas espera aí! Como você conseguiu este brinco?
– Me desculpe, mas não posso falar. Obrigado pela informação.
Saí e na rua comecei a sentir fortes vibrações na orelha e na mão onde estava o brinco. Então resolvi colocar o brinco na orelha.
Foi uma transformação, pois me senti como se fosse um cigano.
Andando pela rua, outra vez vi a mulher e esta me conduziu para um lugar distante da cidade. Era um campo florido e cheio de túmulos trabalhados a mão, onde eram enterrados os ciganos.
Minha vontade era falar com ela, perguntar seu nome, saber sobre sua vida e por que ela estava me perseguindo.
Com um olhar sedutor e chamativo, ela me conduziu até um túmulo onde havia um nome de mulher – Jaqueline – e com sinais me mostrou que era ela.
Indignado, comecei a cavar para saber se realmente era ela. Quando cheguei ao caixão, parei e pensei: “Como vou saber se é ela, pois dentro deste caixão só deverá ter ossos”.
Ao olhar para cima vi Jaqueline chorando e fazendo gestos para que eu abrisse o caixão.
Fiquei olhando para ela e não agüentei: abri o caixão. Realmente era o cadáver de uma mulher e era o de Jaqueline, pois os cabelos ainda estavam intactos e ao lado da orelha havia um brinco igual ao que estava usando.
Naquele momento ela me tocou. Que mãos maravilhosas e macias! Não tive reação, apenas fiquei esperando para ver o que ela iria fazer.
Com toda delicadeza, tirou o brinco da minha orelha e colocou em minha mão. Novamente com gestos, pediu para colocar o brinco dentro do caixão. Logo depois que coloquei o brinco no local por ela indicado, ela desapareceu.
Fechei o caixão, enterrei-o novamente e voltei para o hotel.
Depois daquele dia, nunca mais fui o mesmo, pois tudo na vida perdeu o valor.
Tornei-me um cigano sem rumo, esperando o dia de minha morte para, quem sabe, encontrar minha amada.
Um certo dia, voltei ao campo dos ciganos e ao chegar lá encontrei Jaqueline.
– Você novamente!
– Sim, sou eu mesma.
– Mas como pode ser? Você está falando comigo.
– Meu amor, você agora faz parte do mundo dos mortos e daqui por diante nada poderá mais nos separar.
Fiquei surpreso e alegre ao mesmo tempo, pois consegui realizar meu grande sonho que era ficar ao lado de Jaqueline.
Finalmente pude ser feliz, pois a partir daquele momento a minha vida passou a ser real.

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