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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Viagem do Destino

Certo dia, um rapaz chamado Carlos resolveu entrar em competição de veleiros.
Carlos, desde criança, curtia ver barco à vela e navegar nele, e depois que aprendeu a velejar, o seu sonho era entrar em uma regata.
Passando perto da Marina no Rio de Janeiro, Carlos resolveu entrar para ver se havia alguma regata marcada. Ao saber que no dia 15 de março iria ter uma competição, ficou muito contente.
De acordo com o roteiro, dia 15 eles iriam largar da Marina em direção ao alto mar. Neste mesmo dia iriam encontrar uma bóia a 300 milhas, logo depois velejariam mais 500 milhas para encontrar a outra bóia e desta partiriam em direção à Marina de Santos.
Carlos pediu mais detalhes e preencheu a ficha para que pudesse competir.
Ao chegar em casa, o rapaz deu a notícia para seus pais, que ficaram contentes, mas preocupados, pois ele iria só e poderia ser perigoso.
Carlos começou a verificar seu barco, arrumar seus materiais de primeiros socorros etc.
E o dia tão esperado chegou.
O tempo estava bom para navegar. Tudo perfeito.
Os barcos foram em direção da linha de largada. Todos o competidores verificaram os rádios e foi dada a largada.
Os pais de Carlos pediram proteção à Iemanjá e voltaram para casa.
A viagem era uma novidade para Carlos que estava adorando.
Após um dia e meio, eles passaram pela primeira bóia, partindo em direção à segunda.
No meio do trajeto o tempo começou a fechar, o vento ficou mais forte, o mar estava batendo muito e, por isso, todos os participantes começaram a se comunicar pelo rádio para não se perderem. Ao anoitecer o tempo piorou. Eles estavam em alto mar e não havia nenhuma ilha perto.
O barco de Carlos virou, e o rapaz se apoiou na madeira da cabine que arrebentou.
Passou um dia e nada de socorro. Carlos estava apavorado, pois estava cansado, com fome, sede e frio.
Ao anoitecer, a fraqueza era tanto que Carlos desmaiou, sendo então levado para perto de uma ilha.
Quando Carlos acordou, estava próximo à praia. Logo procurou chegar na areia.
A ilha o deixou admirado, pois era grande e possuía muitas frutas, principalmente cocos.
Mais que depressa pegou alguns cocos para comer e beber sua água.
A noite foi chegando e ele, com pressa, começou a pegar pedaços de bambus, cipós, folhas de bananeira e outras coisas do gênero para fazer um abrigo.
Feito o abrigo, Carlos dormiu.
Logo ao amanhecer, resolveu explorar a ilha.
Primeiro, procurou um lugar melhor para ficar.
Ao passar perto de uma árvore, viu uma caverna, e resolveu entrar. Era pequena, mas limpa e quente.
Então fez dali seu novo lar.
Logo em seguida continuou a caminhar na ilha.
No topo de uma pequena montanha, ele avistou um vale, mas como estava anoitecendo, voltou à caverna para descansar e no outro dia continuar a exploração.
Naquele mesmo momento seus pais estavam preocupadíssimos, pois já se passavam dois dias que a regata havia terminado e nada de Carlos aparecer. Então, seu pai resolveu dar parte à Guarda Costeira sobre o acontecido.
Na ilha, durante a noite, Carlos ouviu sons de tambores vindo do vale.
Quando amanheceu, ele pegou alguns cocos e partiu em direção ao vale. No meio do caminho ele encontrou uma cachoeira, bebeu água e se refrescou. Continuando a caminhada, achou um pequeno lago, onde havia muitos peixes. Com fome, o rapaz pensou em pegar alguns deles, e para isso, resolveu pegar um bambu, fazer uma ponta nele, transformando-o assim em uma boa fisga.
Demorou, mas conseguiu fisgar um peixe.
Como não sabia fazer uma fogueira e a fome era demais, Carlos comeu o peixe cru mesmo.
Quando acabou de comer, já estava anoitecendo, e então resolveu dormir ali mesmo e continuar a caminhada logo cedo.
Ao amanhecer, ele pescou mais dois peixes: um ele comeu e o outro ele guardou para comer mais tarde.
Depois de ter andado mais de duas horas seguidas, ele encontrou uma praia, onde achou por bem descansar um pouco.
Mais tarde, andando pela praia, encontrou algumas pegadas e ficou curioso para saber de quem eram.
Porém estava ficando tarde e ele achou por bem dormir.
No dia seguinte, continuou a caminhada, mas nada de encontrar a tribo ou as pessoas que ali moravam.
Passaram-se dois meses e nada. Carlos ficou desanimado, mas faltava o lado norte da ilha para ser explorado.
Na cidade seus pais estavam desanimados, pois a Guarda Costeira havia encontrado os restos do barco, dando Carlos como morto.
Na ilha, as coisas pareciam melhorar para o rapaz, pois naquele dia ele avistou uma fumaça no meio da mata. E para lá se dirigiu.
Porém, no meio do caminho, ele foi abordado por trás por nativos que o fizeram de prisioneiro.
Carlos resolveu falar com os nativos, mas eles não falavam a mesma língua que o rapaz.
Ao chegar na tribo, Carlos ficou apavorado, pois havia vários corpos dilacerados e ele percebeu que a tribo era de canibais. Notou duas crianças comendo a mão de um dos corpos.
Os nativos o levaram até o chefe da tribo. Diante dele, Carlos começou a chorar. Vendo isso, o chefe ordenou que o levassem para dentro de uma oca.
Todos queriam chegar perto do rapaz, pois ele seria a refeição da tribo em alguns dias.
Carlos ficou amarrado dentro da oca, vigiado por um nativo à porta, para que não fugisse.
Uma das meninas da tribo gostou de Carlos.
Ela, então, foi até o chefe pedir permissão para ver o rapaz, pois gostaria de ver seus olhos azuis.
A permissão foi dada e a menina dirigiu-se até a oca onde Carlos se encontrava. Chegando lá, deu ao rapaz água e comida, ficando sentada perto dele por alguns minutos.
Ao anoitecer, Carlos ficou pensando em seus pais e como e quando iria morrer.
No outro dia, os nativos foram caçar, deixando um homem à porta da oca. O chefe da tribo pediu para a menina alimentar o rapaz.
Quando ela foi levar a comida para Carlos, este reparou que ela havia gostado dele.
Vendo o rapaz triste, a menina pegou uma pedra e o desamarrou. Sem saber o que fazer, Carlos abraçou a menina em forma de agradecimento, porém mal sabia que este gesto na tribo significava a cerimônia de casamento.
A menina, toda contente, pegou Carlos e o escondeu ao lado da porta. Em seguida, chamou o nativo vigilante, que ao entrar foi atingido por Carlos com uma pedrada na cabeça.
Imediatamente a menina pegou Carlos pelas mãos e saiu correndo em direção à mata.
Ao chegar da caçada o chefe foi até a oca, e percebeu que o rapaz havia fugido.
Sem demora, ordenou que alguns nativos fossem à procura do foragido. Não sabia ele que a menina havia ido junto.
A garota levou o rapaz para dentro de uma cascata onde ela se escondia dos rapazes da tribo.
Ao chegar lá, Carlos procurou um canto para descansar.
A garota foi deitar-se perto dele. Para ela, os dois haviam se casado.
Então começou a acariciar o rapaz e acabaram fazendo amor ali mesmo. Tanto para ele quanto para ela, aquela estava sendo a primeira vez.
Ela estava apaixonada por ele e ele estava gostando dela.
Durante dois dias, ficaram na caverna, e somente ela saía para pegar comida para os dois.
No terceiro dia, eles saíram em direção à praia, porém deixaram marcas no chão e os nativos novamente começaram a busca.
Ao chegarem na praia, ambos se esconderam no meio de uma moita, ficando ali até os nativos partiram em direção à tribo, pois estava ficando tarde.
No outro dia, Carlos começou a pegar bambus e pedaços de madeiras para construir uma jangada.
A menina o ajudou, pegando cipós para amarrar os pedaços de troncos e bambus.
Ao anoitecer, a jangada estava construída.
Quando amanheceu, Carlos tentou se comunicar com a garota, para que ela partisse daquela ilha com ele.
Ele o entendeu e aceitou o convite.
Então, colocaram a jangada na água, e nela partiram. Quando se encontravam a uns trinta metros da praia, os nativos chegaram.
Percebendo que os dois estavam fugindo, um dos nativos lançou uma flecha em direção da jangada. Ao perceber que Carlos iria ser atingido pela flecha, a garota atirou-se à sua frente, levando uma flechada no coração. E morreu.
Carlos ficou apavorado, mas deixou a moça no mar e seguiu viagem.
Durante a noite, o rapaz dormiu, e ao despertar deparou-se com um barco, que veio em sua direção.
Resgatado, Carlos foi levado a um vilarejo, onde logo procurou um telefone e ligou a seus pais.
Sua mãe o atendeu, mas pensou se tratar de um trote, pois ele estava desaparecido há um ano.
Percebendo que sua mãe não estava acreditando, ele disse:
– Mãe, eu estou com medo.
Diante disso, ela percebeu que era Carlos, pois sempre que ele estava apavorado ele dizia aquela frase. Então perguntou:
– Filho, onde você está?
– Eu estou em um vilarejo a 100 quilômetros de Santos. Venha me buscar. O nome do vilarejo é São Marcos.
Mais do que depressa ela e o marido saíram de casa em direção a São Marcos.
Ao encontrar o filho, abraçaram-no, e em seguida o levaram para casa. Durante a viagem Carlos ficou em silêncio, pensando na menina que ele amava e que o havia salvado duas vezes.
Passados cinco meses, Carlos ainda pensava na menina, e então percebeu que somente iria gostar de outra garota, se esquecesse da nativa que ele amava.
Ele não falou para ninguém sobre a ilha, pois sabia que se alguém ficasse sabendo, a paz na ilha iria acabar e tribo de sua amada seria destruída.
O tempo passou e Carlos conheceu outras pessoas. Mas antes de se casar, escreveu um poema para sua amada nativa:

Jovem índia de cor morena
jovem índia linda e ingênua
que no cantar dos pássaros, encena
a felicidade de ser virgem e serena.

Junto com este poema, ele colocou outro dentro de uma garrafa, lançando-a no mar.

Oh! Iemanja rainha do mar
que no seu lindo mundo fica a cantar.
Cuide da alma de minha paixão, na terra
no céu ou no mar.

Logo depois de ter lançado a garrafa, foi se arrumar para o seu casamento.
Esta foi a história de um rapaz que conheceu em pouco tempo o que é o amor.

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